Despedida

segunda-feira, 30 de março de 2015


 
Mais uma vez chega a hora da despedida... Coração apertado, choro preso (já é bem difícil pras crianças com nossos sorrisos, imagina se soltamos as lágrimas!), um sentimento de vazio de quem vai se afastando de um pedacinho de si. As crianças pediram para que a vovó ficasse e disseram mil vezes “Eu te amo”, no último beijo. Perguntaram quando é que nós vamos ao Brasil e ainda não pudemos dar uma data certa (faz dois anos que não vamos)...

Esse momento é inevitável para quem mora em um continente diferente de onde nasceu.

Adoro minha vida e adoro a Hungria, mas a família estar longe sempre será motivo de vazio. Nessa hora, para poder ser feliz com as próprias escolhas, é preciso enxergar o lado bom e enumerar as vantagens, mesmo com o peito doendo. Ser grata pelo que tenho e não reclamar pelo que não posso ter. Eu escolhi ser feliz e preciso organizar minha mente nesse sentido.

Foram dias maravilhosos na presença da minha mãe, que sempre foi minha melhor amiga. Passeamos, conversamos, fizemos comprinhas juntas, nos embelezamos e tomamos muito café. Rimos e até discutimos um pouquinho, só pra não ficar nada de fora mesmo...

Fiquei pensando na minha vida, longe da família e em como seria se morasse pertinho. É claro que conversaríamos e seríamos presentes, não duvido disso, afinal, minha família toda é presente, se encontram todas as semanas e estão sempre sabendo dos passos de todos em nosso meio. Mas será que eu teria tanta foto passeando com a minha mãe? Será que teríamos tempo para assistir nossos filmes preferidos pela milésima vez e que ela dormiria durante um mês inteiro com meus filhos? Será que compraríamos tantos presentes e agradeceríamos tanto a presença uma da outra? Será que saberíamos o valor e falaríamos disso?

Sinto que, em recompensa por não tê-la o tempo todo, tenho mais intensamente durante um pequeno período. Além disso, nos falamos todos os dias pela internet e conto cada detalhe da minha vida, sei cada detalhe da vida dos meus pais. Convivemos de certa maneira, graças à maravilha da internet!

A saudade é grande, é claro. Não teria escolhido viver sem meus pais se não fosse preciso, mas isso não quer dizer que não exista um lado bom nisso tudo.

Meu pai não pode vir dessa vez e foi uma falta imensa, mas meus filhos ganharam o costume de mandar um “Boa noite” todos os dias, com beijos e abraços e muito “eu te amo” para o vovô. A distância nos ensinou que é preciso dizer!

O ideal seria tê-los perto e lembrar de aproveitar toda presença, de dizer e abraçar de se emocionar com cada abraço... Não sei se eu saberia disso se não fosse essa minha companheira saudade...

Porém, quem está lendo deve saber agora. Você mora perto de sua família? Tem a sorte de conciliar sua vida atual com todos que sempre te amaram? Então aproveita! Vai dar um beijo no seu pai, curtir um filme com seu irmão, sair com sua prima para dar muita risada e dizer o quanto você ama a sua mãe! Compartilhe suas conquistas com eles e encontre-os sempre que for possível. Se eu posso tirar uma horinha todos os dias no Skype, poderia fazê-lo melhor ainda se fosse ao vivo!

Não se pode ter tudo, mas temos que dar valor ao que temos. Sou grata por poder enxergar e dizer, aproveitar intensamente, sempre que posso.

Amo minha vida e amo minha família, toda ela. Que bom ter tanto para ter saudade!
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