Tudo mudou...

terça-feira, 2 de abril de 2013


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“... e a partir daí, tudo mudou...”

A frase que muitas pessoas temem, que traz como companheiro o maior dos medos do ser humano: o desconhecido.

Mudanças sempre vem com ansiedade e preocupação, no entanto, também podem ser acompanhadas de libertação, de solução, de novos sonhos, sonhos realizados...

Ao mudarem, as coisas costumam parecer turvas, disformes, ameaçadoras... Os maiores e mais aterrorizantes monstros sempre foram aqueles que vem do escuro, os que não vemos ou só enxergamos as sombras, no jogo de luz que aumenta e molda em padrões alarmantes. A luz do sol não mata o vampiro porque o queima e sim, porque o exibi, mostrando que visto de perto, não assusta tanto assim. Do mesmo modo é mudar algo na vida, assim é mudar de vida. O imprevisto assusta e é preciso de coragem para vê-lo de perto.


Mudei algumas vezes de rumo e a imagem desfocada de um futuro não muito claro, chegou a me atormentar. Não saber para onde ir, sentir-me perdida, sempre foi motivo para angústias. Até que um dia ouvi uma definição interessante sobre “perder-se”.

Pouco antes de visitar a Hungria pela primeira vez, uma pessoa contou-me como adorava se perder:

-Ah, quando visito uma cidade nova, um país novo, é sempre tão maravilhoso me perder! – disse ele saudoso do sentimento que para mim era apavorante.

-Como assim? Você não tem medo ? – perguntei, já imaginando-me perdida pelas ruas da cidade de Pécs , que eu nem conhecia na época, mas estava com viagem marcada para conhecer. Imaginei-me com o choro entalado na garganta e sem saber o que fazer.

-Medo? – riu ele – Não. As coisas mais bonitas da viagem são sempre descobertas quando eu me perco. Ruas maravilhosas, paisagens fora do roteiro de turismo e o entendimento do mapa da cidade. Perdido, é possível entender melhor as ruas, porque quando você se encontra, está tudo em suas mãos.

Fiquei boquiaberta com a definição e passei a refletir sobre isso. Não foi um entendimento momentâneo, mas depois de muitas mudanças, perdidos e achados que enfrentei, passo a compreender a relação entre mudar e perder-me.

Ao mudar, o sentimento é o mesmo de estar perdida. Não sabemos onde estamos, para onde vamos, e procuramos desesperadamente por algo a se agarrar, algo que se possa reconhecer para termos como ponto de referência. Toda mudança traz um chacoalhão, um tapa na cara e uma injeção de ânimo para que nos mexamos. A adrenalina é inevitável, mas com o foco no lugar certo, é possível curtir o trajeto e abrir os olhos para novas paisagens, novas ideias, uma nova vida.

Quando as coisas estão simplesmente paradas, tudo é tão claro e óbvio! Você sabe exatamente como será o dia seguinte, a semana seguinte, talvez o mês que está para começar... Sofre uma série de repetições, que podem ser ruins e boas. E porque isso seria reconfortante? Saber que vai para a droga do emprego é melhor que não saber para onde ir? Saber que seu dia será monótono é mais gostoso que desconfiar que algo que você sonha possa vir a acontecer?

A mudança põe tudo de ponta cabeça, dando a chance de piorar ou melhorar as coisas. Mas como seria pior? Se tem algo a ser arrumado, é só fazer até que fique certo, não é? 

Das poucas certezas da vida, uma delas é que as coisas mudam e é possível mudar sempre. Então mudemos! E se for para pior, mudemos novamente!

Você não gosta de onde está? Não dê desculpas! Mude! Da para fazer uma lista imensa de coisas a dar errado. É a maneira clássica de viver a vida sem mudar nada.

Porém, tentar é uma chance gigantesca para que tudo dê certo. Por menor que seja a possibilidade de fazer acontecer, ela existe! Se algo existe, então encontrar é apenas uma questão de perseverança e vontade.

Quando eu conheci um húngaro, intercambista, de 18 anos, que tinha apenas mais 2 meses no Brasil e me apaixonei por ele logo depois de ter perdido o emprego, quais eram as chances de isso dar certo?

Vamos ver a lista de coisas óbvias para minha desistência antes de um sofrimento certo:

  • ·         Ele é muito novo, provavelmente não vai querer nada sério com você;
  • ·         Ele vai embora logo e você nunca mais o verá;
  • ·         Minha preferida: amor à distância não dá certo;
  • ·         Vocês não tem dinheiro para ficarem se visitando e vocês vão ter que se separar;
  • ·         Em dois meses não dá para consolidar nenhum relacionamento.

Agora a realidade de quem enfrentou todas as possibilidades tão óbvias, atrás do “conto de fadas” que todos achavam impossível:

  • ·         Sim, ele me assumiu com 18 anos e nunca pensou em me deixar;
  • ·         Ele foi embora e voltou me buscar assim que pode, arrumando tudo para que eu fosse morar com ele;
  • ·         Sofri 7 meses com um amor à distância, mas deu certo;
  • ·         Continuamos com pouco dinheiro, mas sempre demos um jeito, nossa vontade era maior que o obstáculo, infinitas vezes maior;
  • ·         Em poucos dias percebemos que era amor e em 2 semanas ele me pediu em casamento.

Depois disso, medo de mudar e enfrentar o impossível, para mim não é motivo para desistência. Sim, tudo é possível e a boa notícia é que está em suas mãos. Basta decidir o que é maior: o objetivo ou o obstáculo.

É possível fazer infinitas listas, dar milhões de motivos, mas a verdade é que quem não muda, nunca saberá se realmente não teria dado certo. Pode no máximo se convencer de que não seria capaz.

Mude! Transforme sua vida, vire do avesso, refaça o que não gosta, melhore o que já é bom! Porque contentar-se com menos?

Imagine que você é a estrela do filme da sua vida, não a amiga dela, ou a pessoa que passa lá atrás, sem nome e sem rosto. Você pode fazer, no seu filme, viradas incríveis, que farão o público aplaudir, farão do filme um sucesso e com um pouco de bom humor, é possível transformar qualquer dramalhão em uma leve comédia, com cenas emocionantes, vibrantes!

Não gosta do emprego ou do salário? Mude! Não gosta do estilo de vida? Mude! Não é respeitado ou tratado como merece? Mude!

As decisões são tão pequenas comparadas ao tamanho de nossos objetivos. Tenha objetivos! Não medo. Tenha uma história para contar! Não só para ouvir. O mundo é grande, muito maior que os limites das paredes de sua casa, maior que as paredes de seu emprego, maior que sua cidade, seu país... Mude!

Veja novas paisagens, perca-se em você mesmo, faça um final feliz, faça um mapa que te leve para onde interessa.

As coisas mudam para poderem melhorar.
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